28.6.10


"A História dos Homens é a história dos seus desentendimentos com Deus, nem Ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a Ele"


José Saramago (1922 - 2010)

12.6.10

Longing




Saudade: Do lat. solidate, soledade, solidão. atr. do arc. soydade, suydade com influência de saúde. sf.(a)
1. Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhado do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia.
2. Pesar da ausência de alguém que nos é querido.





Honey, come quickly,
please.

5.6.10


"É assim a vida do homem moderno nas grandes cidades: solteiro, condomínio fechado, mulher-a-dias que trata como uma mãe ou um amor impossível. Roupa de última hora na 5 à Sec, às vezes a baínha feita no Cort&cose. Não há grandes laços com ninguém. Do take-away fino leva-se a comida pronta. Já o conhecem. O homem moderno, roupa de marca, porte de atleta muito trabalhado no ginásio ali perto, não precisa de mais nada para ser feliz. E quem precisaria?

Obviamente, ao fim-de-semana pode haver uma miúda mais frequente a dormir lá em casa. Mas não têm uma relação. Nem pensar. Ele tenta não se lembrar de nada sobre ela (e não precisa de fazer um grande esforço). Ela, claro que o queria como homem para o resto da vida dela...

Este homem moderno, sempre tão bem disposto (o que o arreliará com a vida tão pronta a consumir?), de vez em quando surpreende-se no trabalho a pensar na rapariga do fim-de-semana. Ou seja, tipos assim também sentem, mas não sabem. São tão auto-suficientes que conseguem surpreender-se a eles próprios com momentos assim: «Estou a pensar nela, caramba, sou especial!»

Eu não queria um namorado assim (ele também não me queria, é certo). Estes tipos que parecem estar tão bem com a vida, têm fragilidades e, quando as têm, telefonam à rapariga de fim-de-semana. E ela fica contente por pensar que afinal, é mais do que a sobremesa do jantar de sábado. Mas não é. É só um tapa-buracos afectivo. Um remendo que tapa o pneu da bicicleta.

As mulheres já podiam viver nestes condomínios fechados mas, coitadas, às mulheres pode acontecer sempre tudo: serem assaltadas, engravidarem do estafeta das pizzas, aparecerem no YouTube nuas na varanda. Uma mulher sozinha é sempre dramático. Vê-se um tipo no restaurante com a filha pequena e passa-se o resto da refeição a babar p'ra cima do prato. «Que giro! Que pai! Que dedicação às crianças!» E ele come imperturbável a sua refeição, falando com a filha sem ceder aos olhares de gula que atravessam o restaurante. A seguir vai com a criança passear junto à praia, comem um gelado, e as mulheres que o observam já estão dispostas a lavar-lhe a roupa para o resto da vida. (A ele e ao infante ranhoso que nunca lhe vai chamar mãe...)

Se o cenário for exactamente o mesmo, mas tiver como protagonista uma mulher, as coisas serão muito diferentes: «Coitada! Mais uma tipa divorciada e com filhos... é pá, é bem boa, mas com crianças não!»... A «pobre» mulher solteira segue depois para o mesmo passeio mas, tirando a ternura com que a filha a olha, ninguém mais, para além do tipo dos gelados, olhou para ela.

As coisas são assim mesmo. Os condomínos separam homens de mulheres. Mulher não entra, a não ser para dormir acompanhada e sair quando ele quiser.

Agora que penso em tudo isto (com excepção do próprio condomínio, que não me agrada), a vida dos solteiros é invejável. Claro que, normalmente, só descobrimos isto depois de estarmos casados.

O calvário da separação parece coisa que não se ultrapassa, mas começa logo tão bem, com um deles a sair de casa quase sem nada, o que é uma grandessíssima vantagem: temos a mania de nos agarrarmos às coisas quando precisámos de tão pouco para sermos felizes. Ou seja, vamos de mãos a abanar, prontos para dar a quem quisermos. No caso deles, é só a mulher-a-dias, quando lhe têm que pagar...

Meu Deus, e porque não há homens-a-dias? Parece-me que o segredo para uma vida de mulher emancipada, começará quando houver homens a dias (heterosexuais...). A partir daí vamos precisar de muito pouco para viver sozinhas, para brilharmos na nossa solidão consentida.

Até lá vamos ter que gramar com os charmosos dos divorciados a dar o gelado à filha (no fim-de-semana de 15 em 15 dias) enquanto elas, mesmo sem filhos, não têm hipóteses...

Oh God, make me good, but not yet! "




A hora dos gelados, in "O Sexo e a Cidália"

31.5.10


Something always brings me back to you.
It never takes too long.

No matter what i say or do
I'll still feel you here
Until the moment i'm gone.

You hold me without touch.
You keep me without chains.

I never wanted anything so much
than to drown in your love
and not feel your rain.

Set me free, leave me be.
I don't want to fall another moment into your gravity.
Here i am and i stand so tall,

just the way i'm supposed to be.
But you're on to me and all over me.

26.5.10






Tudo o que vem depois




é a busca frustrada por um

sentido.

23.5.10


And how can i stand here with you

And not be moved by you?



Would you tell me how could it be any better than this?


Just hold me in your arms, and i know that you won't let me fall.

12.5.10


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.


Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma coisa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,


Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

9.5.10


7.5.10




Sometimes,




i just wish to be like him.


Paisible et heureuse.
can't we just live the moment, like them?
we talk too much
we think too much
we want too much
we live much less

4.5.10


Why am i feeling this insecurity?
It seems like the floor is running away underneath my feet.
Should i believe on what happened on our past?
Was it even real? Does it ever happened? Why am i still waiting?
I need to feel the heat of your hands holding mine, again.
I need to see your face, your eyes, your lips, and that funny little spot that you have on your hand.
I wanna talk with you. I wanna laugh with you. I wanna say stupid things with you.
I ...

I miss you
everyday.

2.5.10




Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela?

Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.


Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.

Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.

Eu não sei o que penso,
Nem procuro sabê-lo.

29.4.10

Mantém-te Original



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).




Álvaro de Campos

28.4.10












'O amor

é o sentimento dos seres imperfeitos,
posto que a função do amor é levar o ser humano à
perfeição.'





Aristóteles