Seis.
Há seis meses em terras de Sua Magestade.
Há meio ano atrás, sufoquei o coração, disse não a todos os receios e atirei-me de cabeça para o desconhecido.
Tal como milhares de jovens da minha idade.
Abafei todas as minhas lágrimas, medos e dúvidas, e adquiri os tão aclamados "20 segundos de coragem extrema."
Uns dias mais complicados.
Uns mais fáceis.
30% de dias com um pouco de sol.
70% de dias cinzentos.
A novidade sempre ajudou a tornar um pouco mais brilhante aquilo que classificámos, inicialmente, como inalcançável, right?
Uns dias de puro cansaço em que, quando chego do trabalho, apenas me apetece um longo banho, comer qualquer coisa, falar como me correu o dia com o pessoal cá de casa, enfiar-me no meio dos meus cobertores e ler um dos meus livros até adormecer.
Outros,
em que apesar do cansaço,
quando chego a casa, e sei que conseguí tornar o dia dos meus 12 doentes um pouco melhor, controlando a dor deles e proporcionando o conforto e o tratamento que lhes é devido, isso sim, permite-me ter uma noite de sono descansado.
6 meses. E agora dou por mim com a confiança suficiente para trabalhar no serviço de Urgência.
Contudo, contínuo a ter o mesmo problema de quando era estudante: ligo-me facilmente aos meus doentes e seus familiares.
E, infelizmente, quando o pior dos cenários se sucede, e cabe a mim, pegar no telefone e informar que aquele ente querido já não se encontra entre nós, é como se me arrancassem o coração do peito. E choro com eles.
Diz-se que não devemos estabelecer laços emocionais com os doentes.
But I don't care. Pois sei que isso é o que ajuda a fazer de mim uma excelente Enfermeira.
Com a minha Independência (a qual devo e agradecerei eternamente aos meus Pais), tenho conseguido fazer tudo o que quero, sem nenhum tipo de restrições. Independência económica, viagens, casa nova, conhecer os cantos de UK.
Se, neste momento, alguém me perguntasse: "Arrependes-te de exercer a tua profissão, em Inglaterra?", a minha resposta seria "Não".
Pois nunca imaginaria, há seis meses atrás, o quão de agridoce tem a Vida, quando saímos da nossa zona de conforto.
E, acima de tudo, saber o orgulho que os meus Pais têm em mim, isso sim, é dos maiores incentivos para não desistir das minhas convicções.
Sê benvinda à vida Adulta, Joana.#3.
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