9.4.11


Que amor não me engana

Com a sua brandura

Se da antiga chama

Mal vive a amargura.

Duma mancha negra.

Duma pedra fria

Que amor não se entrega

Na noite vazia?

E as vozes embarcam

Num silêncio aflito

Quanto mais se apartam

Mais se ouve o seu grito.

Muito à flor das águas

Noite marinheira.


Vem devagarinho

Para a minha beira

Em novas coutadas

Junta de uma hera

Nascem flores vermelhas

Pela Primavera.

Assim tu souberas

Irmã cotovia

Dizer-me se esperas

Pelo nascer do dia.

Zeca Afonso - Que amor não me engana