6.5.12

Dia da Mãe*

from here


Conheci o João uma hora antes de o meu avião partir de Helsínquia para Portugal.
É um Exmo. Sr. Enfermeiro. Estudou no Porto. Trabalha na Finlândia há cerca de três anos.
Também esteve de Erasmus em Savonlinna.
E é uma mente absurdamente brilhante.

Para além de exercer Enfermagem, nas 'horas vagas' é Poeta.
Talvez seja esta a faceta que o verdadeiramente define.
Já editou três livros de Poesia. Participou na elaboração de outros tantos.
E mais outros virão.

E hoje, publicou este poema, de uma beleza magistralmente inquietante,
que realmente define aquele que é o papel e o amor incondicional de uma Mãe.


"Mãe

Ela não foi feita à medida deste tempo e o seu olhar nunca perdeu
A fragilidade infantil da inocência do século passado.
Não consigo imaginar o esforço de cada passo dado, muitas vezes
Comigo às costas e eu a pensar que caminhava sozinho.
Como eu gostava que as suas verdades fossem as minhas
E as suas certezas fossem ainda respostas suficientes ao meu negro
Ponto de interrogação sobre o papel branco que me deu e fui sujando com o tempo.
Se me lembrasse, sei que as maiores saudades seriam do tempo em que éramos um,
Do tempo em que a sua temperatura me abraçava constantemente
E o seu coração me embalava a vida, antes dos olhos abertos,
Da luz, do vento e do desejo de regressar.
Nunca lhe perguntei que sonhos lhe comi para estar aqui,
Nunca lhe pedi desculpa por ter encontrado uma voz própria,
Afiada, metálica, longe da que ela me queria oferecer.
Tenho medo por ela, neste mundo que ainda vê com os mesmos olhos
Que um dia foram também os meus."

João Bosco da Silva,

Bater Palmas E Sete Palmos De Terra Nos Olhos


E no fim disto tudo,
Feliz dia da Mamã para todas as Mães do Mundo.