19.3.12
Today's state of mind #19
Faltam duas semanas para regressar a Portugal.
Sentimentos esperados? Alegria, ansiedade, saudade.
Sentimentos actuais/presentes: Ansiedade, sim. Relutância. Relativa tristeza.
Não vou dizer que não tenho saudades do meu país. Tenho. Da minha família. Das minhas pessoas, dos meus amigos. Da minha cidade à beira-mar. Do meu sol. Da minha eterna Invicta. Da minha amada Viana.
Esperei que ao longo destes meses as saudades em algum dia fossem apertar bastante no meu peito, tal como alguns amigos meus me haviam dito que tinham sentido, quando estavam também a realizar Erasmus, longe de Portugal.
Eu devo ser diferente. Porque nunca tive essa imensa sensação de Saudade.
Estranho.
Mas em certa parte compreendo.
Porque sinto que nunca me enquadrei plenamente no meio das mentalidades fechadas que infelizmente caracterizam tantas pessoas no nosso Portugal.
Tudo foi uma grande novidade neste país. A Finlândia é diferente em tudo: no dialecto, nas pessoas, nas mentalidades, na cultura, nas condições metereológicas extremas e nas belas paisagens de cortar a respiração. Aqui as pessoas realmente aproveitam a vida. Vêm com verdadeiros olhos aquilo que a Natureza lhes tem a oferecer. Estas pessoas valorizam o sitio onde vivem. Têm bons empregos. Bons salários. Bom suporte social. Tempo livre para poder estar com a família e amigos. Para viajar e conhecer todos os belos cantos que o Mundo nos tem a oferecer.
Aqui, Enfermagem é um exemplo. Pela sua autonomia. Pelas competências que são atribuídas aos Enfermeiros. Pela forma como as nossas funções são valorizadas. Pela eficiente interacção multiprofissional. E pela satisfatória forma com que nos vêm, como parte Fundamental das Comunidades inseridas nesta grande Sociedade.
Constantemente me deparava a divagar:
"Gosh. This is too good to be true. It's like being on a movie, like I'm not really here. This just cannot be true."
Pela facilidade em conhecer pessoas de todo o Mundo. Pelas amizades que fizémos. Pelas pessoas fantásticas que se cruzaram no nosso caminho. Pelas magníficas viagens. Pelas experiências únicas e inesquecíveis.
Por tudo isso, agora que estamos a chegar ao momento finalizante deste Programa,
uma sensação de vazio começa já a apoderar-se do meu coração.
Como se me tivessem aberto uma porta para o Mundo, durante estes meses. Encaro agora o meu regresso a Portugal, em parte, como um retrocesso nesta lifetime experience. Como ser obrigada a acordar para uma realidade à qual não quero voltar.
Mas claro, com o meu regresso, levarei todas as minhas memórias e experiências, para poder partilhá-las com quem mais gosto. E com uma promessa de cá voltar, tão antes quanto possível.
Antes, duvidava se alguma vez teria suficiente coragem de procurar emprego fora do meu país. Agora, essas dúvidas dissiparam-se, e quando me questionam,
"Do you want to work abroad?"
"Yes, undoubtly. This World is too big and too wonderful to not be seen with my eyes."
True story.
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